Esperteza

Esperto como poucos, o Maltês, no livro The Right Dog for You, do comportamentalista Daniel Tortora, mereceu qualificação alta nos itens capacidade de aprendizado por conta própria e capacidade de solução de problemas. Na prática, é o tipo de cachorro que dá um jeito de resolver - ou pelo menos de fazer com que resolvam - alguns pepinos básicos do dia-a-dia. 
Por exemplo, mostrar para alguém que a vasilha de água está vazia e que precisa, portanto, ser reabastecida. 
Também sobressai por associar causa e conseqüência. Exemplo clássico: ficar alegre, demonstrando já saber que vai passear, só de ver o dono pegando a coleira. 
Ou desaparecer quando se aproximam dele com a toalha de banho na mão ou com algum medicamento cujo gosto deteste.
"Dar remédio para o Maltês só costuma ser fácil na primeira vez; depois que experimenta e acha ruim, foge correndo só de nos ver segurando a embalagem", conta Katia.

De forma geral, a raça também é disciplinada e obediente. Não que tenha uma enorme predisposição para performances circenses, como um bom Poodle, por exemplo, que topa executar mil e uma acrobacias e ainda acata um sem-fim de comandos verbais, como "deita", "rola", "finge de morto" e por aí afora. 
Mas o Maltês costuma respeitar as ordens do dono, atendendo prontamente a um "não" ou a um "pára". 
E também assimila rapidamente a maioria das regras da casa, como não subir em estofados ou não entrar em determinados cômodos. 
"É uma raça fácil de se levar, que não tem intenção latente de desafiar nossa vontade; pelo contrário, o Maltês quer viver em harmonia com a família, quer agradar", avalia Guga. 
Também não se trata de um cão destruidor. Claro que o filhote é mais travesso e precisa ser devidamente educado. 
Mas nem durante a infância, fase em que muitas raças deixam seus donos de cabelos em pé, o Maltês costuma dar muito trabalho. 
"Definitivamente não se trata de um cachorro que está sempre em busca do que fazer e, em geral, sempre em busca de coisas proibidas, como roer móveis e roubar objetos", garante Guga.
"Certos filhotes nem sequer aprontam travessuras, outros podem até cometer algumas; mas não é nada exagerado e basta o dono mostrar que não gostou e oferecer alternativas de entretenimento, como brinquedos variados, para colocar o cãozinho nos eixos", indica Iacy. Além disso, o poder de destruição de um Maltês está entre os menores da espécie canina.
"É um cão pequeno e de modos delicados; na maioria das vezes que rói alguma coisa, deixa apenas um arranhadinho como prova do crime", testemunha Anita.

Quanto a fazer as necessidades no lugar predeterminado, há exemplares que aprendem com poucos meses de vida e outros que demoram até o início da fase adulta. 
Mas, salvo raras exceções, acabam aprendendo. Vale ressaltar: donos permissivos demais, que mimam excessivamente seus Malteses e até acham graça quando aprontam travessuras, podem acabar desperdiçando justamente o que a raça tem de melhor, que é o estilo facilmente disciplinável. 
"Se a pessoa não educar seu cão desde filhote, é claro que terá adultos mal comportados; milagre não existe", alerta Katia. 
Que isso não seja confundido, no entanto, com uma birrinha ou outra ao longo da vida, como um xixi fora do lugar em sinal de protesto à viagem prolongada do dono ou à chegada de um novo mascote. Afinal, isso é humano. Quer dizer, canino.

 
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